Todas as vezes que vou começar a escrever pra minha newsletter, sento na frente do computador e encaro o cursor piscar pra mim umas 845479823 vezes antes de eu digitar a primeira palavra. Momentos de desespero, aquele silêncio mental entre a vontade de escrever e o medo de não saber por onde começar! Foi assim na primeira vez — e será assim até a última.
Só quem escreve entende esse sentimento: de repente, tudo fica em silêncio — mente, corpo e coração — e todas as palavras fogem. Você se vê em um abismo criativo, um vazio de palavras, e se pergunta: por onde eu começo?
Bom, essa semana eu estava lendo a newsletter da Ana Holanda que trazia exatamente essa temática: por onde começar a escrever? A cada linha, eu pensava: “Meu Deus, sou eu!”. Era como se ela tivesse colocado em palavras aquele caos silencioso que mora no início de todo texto.
No seu texto, Ana Holanda menciona o que a escritora Conceição Evaristo disse durante uma entrevista: “escrevemos a partir de onde nossos pés estão fincados”. Foi nesse ponto que tudo fez sentido pra mim. O início do meu texto não precisava começar em “lugares extraordinários e que não era preciso escrever sobre grandes sagas”, como diz a própria Ana. Posso simplesmente começar do que me é familiar, do chão que eu conheço.
Foi aí que decidi escrever sobre a própria escrita, porque é algo familiar, parte do meu dia a dia, tanto por paixão quanto por profissão. E, na verdade, tudo começou lá atrás, na infância.
A leitura entrou na minha vida quando eu ainda era pequena, implorando para minha mãe comprar gibis da Turma da Mônica. Aqueles quadrinhos foram meu primeiro contato com as palavras, e dali em diante, nunca mais parei. Era um livro atrás do outro! (Incentivem seus filhos com a leitura, é sério!). E hoje, eu ganho a vida fazendo o que gosto: escrevendo!
Mesmo trabalhando com o que amo, sei que no ambiente profissional nem sempre conseguimos nos colocar de corpo e alma naqueles textos. Precisamos seguir diretrizes, regras, passar por revisões em excesso, ajustes que, muitas vezes, são desnecessários — porque quem escreve sabe o que está fazendo. E, no fim, o que era seu, já não é mais. Tá tudo bem, a gente aprende a não se apegar, mas a nossa identidade é deixada de lado e se perde no caminho. E tudo o que você pensou, sentiu e colocou ali… simplesmente se desfaz. Aquele texto não é mais seu.
E foi por isso que decidi escrever pra mim. Essa é a minha identidade, minhas palavras. Sem regras, sem diretrizes, sem aprovações. Escrevo o que tá no meu coração e o que acredito que precisa ser dito.
Quando criei Capítulos da Vida, minha intenção era simples: compartilhar o quanto os livros me ajudam a entender melhor as pessoas — e a mim mesma. Mas, com o tempo, percebi que esse projeto poderia ser mais do que apenas recomendações literárias. Ele podia crescer, ganhar camadas, acompanhar as minhas próprias mudanças.
Agora, estou criando mais este espaço, as Notas da Autora, pra compartilhar outras coisas além de livros. Quero dividir pensamentos que vivem rondando minha cabeça e que, de alguma forma, precisam ganhar forma. Coisas para expressar, registrar, organizar. Agora, vou trazer mais temas como: hábitos de leitura, inspirações literárias, curiosidades e conteúdos da internet que são relevantes pra mim, reflexões, histórias pessoais de leitura e escrita. Vai ter de tudo um pouco — tudo o que eu sentir que merece ser compartilhado.
Nas próximas notas, prometo trazer temas que vão te inspirar a retomar, ou simplesmente começar, o hábito da leitura, de um jeito leve, possível e gostoso. Porque se você não é fã de leitura (ainda), meu trabalho é te convencer a ler — e muito!
Até o próximo capítulo,
Nath Franceschi
Capítulos da Vida